Avaliação da toxicidade celular do herbicida glifosato em Astyanax spp.
DOI:
https://doi.org/10.24302/sma.v3i2.629Palabras clave:
Micronúcleos. Toxicidade Celular. Glifosato. Eritrócitos. Astyanax spp.Resumen
Os agrotóxicos são agentes químicos amplamente utilizados na agricultura no controle de ervas invasoras. Dentre os agrotóxicos, o organofosforado Roundup® é um dos herbicidas mais usados no Brasil. Seu princípio ativo é o glifosato, geralmente comercializado na forma de sal isopropilamônio, cujas propriedades químicas possibilitam que se solubilize facilmente nos ambientes aquáticos. Este agente tóxico atinge os corpos d'água através do lençol freático por meio da lixiviação e infiltração da água das chuvas, da irrigação ou da percolação no solo. Concentrações subletais podem provocar alterações moleculares e celulares que afetarão a morfologia, fisiologia e bioquímica dos tecidos. Neste estudo propôs-se utilizar como modelo experimental o peixe nativo Astyanax spp., com o objetivo principal de analisar a frequência de micronúcleo nos peixes que foram expostos por 72 horas à concentração de 65 µg/L de glifosato (concentração regulamentada pela Resolução do CONAMA nº357 de 2005 para água de rios no Brasil). O teste de micronúcleo investiga as células eritropoiéticas, para avaliar dano cromossômico in vivo. Os peixes foram divididos em dois grupos (grupo controle e grupo tratado), em água de aquário declorada com monitoramento da temperatura e aeração constante. Os peixes foram aclimatados por 3 dias e após foram expostos ao glifosato diluído na água do próprio aquário. Para a análise do micronúcleo foi extraído sangue das brânquias, n = 6 peixes por aquário, e utilizado a técnica de esfregaço e coloração com giemsa de acordo com protocolo para análise de micronúcleo písceo. Assim, considerando a contaminação dos ambientes aquáticos por agrotóxicos e diante da precariedade de estudos sobre o assunto, torna-se imprescindível à realização de estudos direcionados a avaliação da toxicidade celular do glifosato em organismos aquáticos. Após a confecção das lâminas para identificação dos micronúcleos foram contadas aproximadamente 1500 células/lâmina com total de 3000 células por peixe. Houve diferença estatística (p?0,05) para a taxa de micronúcleo dos peixes do grupo controle (sem a presença de glifosato) e o grupo tratado com 65 ug/L de glifosato. Valores de temperatura e pH entre os aquários foram registrados, mas sem diferenças significantes, descartando a ideia de variação micronúcleo písceo entre os dois grupos por estes fatores. Os sutis efeitos nocivos do glifosato sobre o DNA dos eritrócitos de Astianax spp., demonstradas aqui são uma preocupação séria para a biologia de peixes e deve ser levado em conta. Estes resultados contribuem para a compreensão da toxicidade do glifosato para os organismos não-alvo e o seu potencial efeito genotóxico.