Os pêssegos não caem do céu
relações de trabalho e agricultura familiar na região de Pelotas-RS
DOI:
https://doi.org/10.24302/drd.v10i0.2710Resumo
Um dos traços fundamentais que definem a agricultura familiar é a centralidade do trabalho doméstico nos processos produtivos. Todavia, claras são as evidências de que as mutações demográficas, sobretudo o processo de envelhecimento da força de trabalho rural, trazem consigo uma série de desdobramentos sobre o modo como operam hoje tais explorações, ameaçando sua continuidade. Esse fenômeno impacta fortemente os estados meridionais do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul. É no extremo sul gaúcho que a cultura do pêssego foi implantada no século XIX por imigrantes europeus, a qual é majoritariamente conduzida em explorações familiares. A produção tanto pode ser destinada para fabricação de compotas como para o consumo in natura. Trata-se de cultivo que ocupa um grande número de trabalhadores externos (safristas) nas operações de poda, raleio e especialmente colheita. Não obstante, nos últimos anos há um flagrante descenso na disponibilidade dessa mão de obra rural por conta das transformações gerais que incidem sobre o campo. O objetivo central desse artigo é analisar as relações de trabalho tecidas entre produtores familiares e os trabalhadores empregados durante o ciclo do pêssego. A investigação envolveu a realização de vinte entrevistas em profundidade e de outras técnicas de pesquisa. O estudo trouxe à luz a invisibilidade das relações tecidas entre produtores e a força de trabalho empregada durante o ciclo produtivo, as regras que regem o seu funcionamento, as formas de contratação, condições oferecidas aos trabalhadores e a importância da agricultura familiar como empregadora e geradora de renda rural.
Palavras-chave: Agricultura familiar. Força de trabalho rural. Persicultura. Pluriatividade.
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