Águas residuais como um indicador de alerta para COVID-19

monitoramento de evento de massa em uma cidade da Amazônia Legal no Norte do Brasil

Resumo

Um dos maiores desafios da vigilância sanitária na pandemia da COVID-19 foi o monitoramento e a detecção de novos casos de infecção, na tentativa de impedir rapidamente a propagação da doença. Eventos de Massa têm merecido crescente atenção das autoridades públicas, por favorecer a circulação do vírus da COVID-19 em um grande contingente de pessoas. Considerando a limitação da testagem laboratorial em massa, as elevadas taxas de subnotificação e as infecções assintomáticas, foram implementadas estratégias complementares de vigilância em vários países, como a vigilância epidemiológica baseada no esgoto. O presente estudo objetivou detectar a presença de SARS-CoV-2 na rede esgoto, em escala comunitária no município de Araguaína-TO, durante um evento de massa, uma tradicional exposição agropecuária, que mobilizou em poucas semanas uma grande circulação de pessoas. A quantificação do SARS-CoV-2 via esgoto foi realizada por RT-qPCR e a carga viral detectada foi normalizada pela população atendida pelo ponto de ligação à rede de esgoto estudada. Os dados gerados foram comparados aos dados epidemiológicos municipais notificados da testagem clínica e laboratorial da COVID-19 revelando a subnotificação das infecções. Com a progressão da vacinação, redução de casos sintomáticos e retomada de eventos, o monitoramento do esgoto se apresentou como um sistema de alerta rápido, revelando a circulação do vírus na cidade antes e durante o aumento de casos notificados. Os resultados demonstraram uma ferramenta de apoio à vigilância, testando indiretamente centenas de pessoas por meio de uma única amostra, assim potencializando o sistema de saúde para assistência dos novos casos.

Palavras–chave: SARS-Cov-2; Vigilância Ambiental; Epidemiologia baseada em esgoto; Aglomeração de pessoas.