A escrita e entrega de cartas na atenção primária
um exercício interprofissional de empatia e agradecimento
DOI:
https://doi.org/10.24302/sma.v9iSupl.1.3377Resumo
Introdução: O PET Saúde visa desenvolver, a partir de grupos tutoriais e integração ensino-serviço-comunidade, mudanças curriculares alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais para todos os cursos de graduação da saúde, reorientando a lógica da formação dos profissionais e a dinâmica da produção do cuidado em saúde. No setor saúde, as demandas ampliaram-se com a pandemia da Covid-19, e os profissionais da linha de frente vêm enfrentando, no novo cenário, muitos desafios, presentes também na atenção primária. Objetivo: Relatar a experiência na produção e entrega de cartas escritas por petianos para profissionais de saúde de uma unidade básica de saúde em Chapecó-SC, como estímulo e promoção de saúde mental no contexto pandêmico. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido com equipes de saúde da família no oeste catarinense. Previamente, o coordenador da unidade forneceu a listagem de todos os profissionais e, aleatoriamente, cada petiano redigiu, de próprio punho, cartas para profissões diferentes da sua. A entrega ocorreu por alguns membros, juntamente a um bombom e uma breve explanação de agradecimento. Resultados: Com a pandemia, as imersões foram suspensas e as atividades dos petianos passaram a ser de forma remota. Do outro lado, os profissionais de saúde encontram-se sobrecarregados e amedrontados, suscetíveis a desenvolverem distúrbios psíquicos. Condições de estresse, ansiedade, depressão, insônia e esgotamento profissional podem ser considerados como dificultadores no enfrentamento.¹ Para atenuar os efeitos psicológicos advindos da pandemia, o amparo psicossocial é uma alternativa que pode ser aplicada aos profissionais de saúde¹. Dessa forma, a leitura das cartas pode funcionar como efeito terapêutico e motivacional para que os profissionais da saúde se sintam acolhidos pela comunidade. Visando conectar os petianos com os profissionais da ponta, em movimento contra hegemônico à toda instantaneidade do e-mail e das mensagens por aplicativos, a carta se mostrou uma modalidade mais empática e adequada à intencionalidade pedagógica humanística. A escrita manual é uma forma de interação da qual participam interlocutores distanciados no tempo e espaço, estabelecendo-se um lugar de mútua compreensão, mediante a partilha de conhecimentos, crenças, e pontos de vista.2 Ao receber a carta, os profissionais mostraram-se animados e curiosos, buscando relembrar os petianos e apresentando interesse em reencontrá-los para agradecer o gesto. Considerações Finais: Percebeu-se que o gênero carta foi indispensável para conectar petianos empaticamente aos profissionais e valorizá-los nesse momento de enfrentamento, promovendo a melhora de sua saúde mental.³ Refletiu-se sobre o outro que está fisicamente atuante e psicologicamente vulnerável, reconhecendo seus esforços e a relevância da atuação interprofissional em tempos pandêmicos.
Palavras-chave: Carta. Pandemia. Pessoal de Saúde. Educação Interprofissional. Saúde Mental.
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