Gincana de Educação em Diabetes

Autores

  • Rosilei Teresinha Weiss Baade Secretaria Municipal de Saúde de São Bento do Sul – SC

DOI:

https://doi.org/10.24302/sma.v6i3.1649

Palavras-chave:

Educação em saúde. Diabetes Mellitus. Gincana.

Resumo

INTRODUÇÃO: O processo de educação em saúde é intrínseco a saúde coletiva, assim como fundamental para o enfrentamento do crescente aumento das doenças crônicas, onde a melhoria dos hábitos de vida, o entendimento das patologias, de suas características e possíveis complicações torna-se primordial para o empoderamento das pessoas, em relação a suas escolhas de vida, como forma de prevenção ou de minimizar o efeito da patologia já instalada em seu organismo. No atendimento diário às pessoas com doenças crônicas, em particular a diabetes mellitus (DM), percebemos o quão importante é o papel da educação em saúde, pois como coloca Mendes (2012) o tempo que os profissionais de saúde passam com os adoecidos é mínimo em relação às escolhas que cada indivíduo necessita fazer no restante do tempo. Mas falar de educação em saúde nos remete a necessidade de fundamentar o enfoque num processo de construção, de educação sanitária, saindo do modelo de educação “bancária” para uma situação em que a informação e o conhecimento são ferramentas importantes, mas não definem exclusivamente as escolhas das pessoas, sendo “importante ressaltar que a educação tem como objeto e instrumento o saber, o sentir, o pensar e o agir” (VASCONCELOS, 2011). O olhar desde relato está vinculado a um município de 80.000 hab., com cerca de 3.000 pessoas com diagnóstico de DM conhecido, com 20 unidades de saúde (US) e um serviço de média complexidade (CADIA – centro de atendimento à pessoa com diabetes) que serve como referência para os atendimentos dos casos encaminhados pela atenção básica, gestão de insumos e informações relacionados à patologia, treinamento dos profissionais da rede de saúde, matriciamento, regulação dos encaminhamentos, desenvolvimento de pesquisa no serviço especializado (BAADE, 2015) e atendimento direto às pessoas com diabetes. OBJETIVOS: Desenvolver estratégias para educação em saúde relacionada à melhoria da qualidade de vida e autonomia das pessoas com diabetes, com os profissionais de saúde e os adoecidos. Promover gincana anual de Educação em Diabetes, formando equipes vinculadas as US com seus usuários, ampliando o processo de ensino-aprendizagem, o vínculo entre os usuários e sua equipe de saúde. Possibilitar o acesso à informação e aprendizado sobre a patologia, cuidados e convivência com a doença crônica de modo lúdico e ativo. RELATO DE EXPERIÊNCIA: O modus operandi da gincana estava diretamente relacionado à organização vinculada ao CADIA, responsável pela criação, coordenação, elaboração e execução de toda a estrutura e funcionamento da gincana. As equipes das US tinham a incumbência de convidar os usuários (com diagnóstico de DM), inscrevê-los, orientá-los em relação aos conhecimentos em diabetes e formar uma equipe dos profissionais de saúde com os usuários para participarem da gincana. A avaliação dos eventos sempre foi realizada através do feedback repassado pelos profissionais de saúde das US, dos usuários e de reunião de avaliação da equipe de organização, sendo as observações direcionadas para modificações no ano seguinte. RESULTADOS: Número absoluto relacionado as gincanas de educação em diabetes realizadas de 2011 a 2016, no município de São Bento do Sul.Os temas abordados foram relacionados à alimentação saudável, grupos alimentares, cuidado com os pés, insulina, auto monitoramento, saúde bucal, hipoglicemiantes orais e complicações associadas ao diabetes. Pontuação para dados vitais, vacinação, IMC, média de HbA1C, frutas com menor índice glicêmico. As atividades lúdicas/físicas envolviam corridas (ovo/peão/jornal, caça ao tesouro, bambolê, jump, danças (cadeira/laranja/hipopótamo/flash mob) e alongamentos. Em 2013, realizamos atividades específicas para os agentes comunitários de saúde (ACS), que criaram e apresentaram uma paródia relacionada ao tema da gincana. Em 2014, além de ênfase na alimentação saudável, foi realizado levantamento do IMC das equipes, que variou de 27,56 a 34,64 kg/m2 e a média de HbA1C variando de 5,6 a 15,2%. A gincana de 2015 foi com os profissionais de saúde, com duração de 34 dias e atividades semanais, como casos clínicos, mobilização da comunidade para caminhada, realização de uma história em quadrinhos que refletisse o atendimento na unidade de saúde, realização de painel informativo e alusivo à alimentação saudável, elaboração de receita de bolo nutritivo e execução do mesmo para o dia de encerramento da gincana, que também teve atividades focadas no trabalho em equipe. Em 2016, retomamos a gincana com os usuários. O diferencial foi à realização de todas as provas propostas por todos os integrantes e que as realizassem em equipe. Nos outros anos, as provas eram realizadas com um membro de cada equipe em cada atividade, o que não permitia que eles ficassem em contato o tempo todo e também não realizam atividades sobre todos os assuntos. O ponto alto das provas foi a atividade da consciência corporal, onde contabilizamos o peso atual da equipe e a diferença em relação ao peso ideal (IMC 25) e solicitamos a cada participante que atravessasse a quadra com um peso de cerca de 10 kg. Cada equipe também ficou responsável por arrecadar alimentos não perecíveis relacionados a esta diferença de peso para doação. CONCLUSÕES: Consideramos que os objetivos propostos pela gincana de educação em diabetes foram atingidos, pois proporcionaram um processo singular de fortalecimento e reflexão sobre o processo de cuidado, autocuidado, autonomia, empoderamento dos profissionais como participante das ações revertidas, desenvolvidas e compartilhadas com os usuários, que deve ser o foco de todas as nossas ações. Em relação aos usuários, a participação nas atividades anuais e o feedback dos mesmos reitera a importância de ações de educação em saúde. Teixeira apud Cyrino (2009) refere à potência dos processos coletivos de inovações produzidas por grupos ou comunidades através da “inteligência coletiva”, que tem sua potência essencialmente vinculada a “capacidade de indivíduos e grupos, em sua interação”, “produzirem, trocarem e utilizarem conhecimentos” em processos de “aprendizagem e criação nas coletividades locais”, por meio de distintas “tecnologias sociais””. Como este processo é contínuo e singular na interação entre cada indivíduo/grupo, como o meio onde está e seu histórico de vida, entendemos as gincanas de educação em saúde e outras atividades sobre o tema no mesmo período, com impacto positivo num atendimento mais humanizado, integral e longitudinal as pessoas com diabetes que são usuárias destes serviços e nos profissionais de saúde envolvidos neste processo.

Biografia do Autor

Rosilei Teresinha Weiss Baade, Secretaria Municipal de Saúde de São Bento do Sul – SC

Enfermeira, mestre em Saúde Coletiva, Gestão e Políticas Públicas (Unicamp). Responsável pelo CADIA – Centro de Atendimento ao Diabético. Secretaria Municipal de Saúde de São Bento do Sul – SC.

Downloads

Publicado

2017-12-20

Como Citar

Baade, R. T. W. (2017). Gincana de Educação em Diabetes. Saúde E Meio Ambiente: Revista Interdisciplinar, 6(3), 31–33. https://doi.org/10.24302/sma.v6i3.1649

Edição

Seção

Anais