Biopoder e racismo na Guerra do Contestado
a periculosidade social imputada às populações caboclas
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v10.4989Resumo
Este artigo se propõe a analisar a Guerra do Contestado, ocorrida entre os anos de 1912 e 1916, nas terras do planalto meridional do Sul do Brasil, entre os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enquanto produto do biopoder e do racismo, em cujo conflito as populações caboclas foram associadas à periculosidade social, considerando o papel da raça, racismo e inferioridade socialmente imputadas. Embora este legado histórico reverbere de diferentes formas em tempos atuais, saliento como a população cabocla das terras Contestadas tem traçado estratégias de resistência visando reconhecimento de sua existência e de suas tradições culturais e religiosas. A metodologia agrega fontes bibliográficas e fotográficas, além de considerar o contexto histórico, cultural e econômico, procurando analisar o fenômeno da Guerra do Contestado com as lentes analíticas do biopoder, racismo e periculosidade social. Demonstra-se como as fotografias do conflito foram mobilizadas enquanto dispositivos de poder, e como o conceito de contra-memória, tal como formulado por Michel Foucault, permite compreender como a memória sempre está em disputa dada a pluralidade de poderes, forças e práticas socialmente existentes. Conclui-se que no caso dos povos que habitavam o Sul do Brasil no início do século XX, a construção da periculosidade social deu-se segundo um racismo estatal particularmente violento, evidenciando como na conjuntura histórica geradora do conflito do Contestado, o biopoder se exerceu através do racismo, onde o Estado e as instituições do poder perpetraram violências e chacinas sobre os corpos indóceis dos insurgentes.
Palavras-chave: Guerra do Contestado; biopoder; periculosidade social; população cabocla.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Profanações
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.